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O verde e os vermelhos: num país onde as cores falam

Como bem ilustrada pela pirâmide de Maslow, as necessidades fisiológicas (alimento, hidratação, moradia, repouso), junto com a segurança (do corpo, do emprego, da família, da saúde, da propriedade) são priorizadas, antes que o ser humano comece a se preocupar com os outros aspectos da vida. Nessa lógica, só depois de ter comida na mesa e certa segurança financeira, é que coisas como os comandantes gerais do país e a economia chegam à nossa mente. Apesar de ações de um governante afetar diretamente as pessoas, especialmente as mais pobres, ninguém relaciona a fome que sente diretamente a alguém tão poderoso que sequer sabe quem eles são. Quando suas necessidades biológicas são supridas é que certos pensamentos críticos podem ser assumidos e posicionamentos, tomados.

Logo, é natural que, agora que conhecidamente houve uma ascensão das classes C e D, preocupações com a corrupção e a assumida de posicionamentos políticos chegou à cabeça do povo, incitando as diversas manifestações que vemos hoje em dia. Ao dizer que houve a ascensão econômica das classes C e D, além de mais segurança (não a segurança pública - a violência é um tema tão complicado que merece outro artigo - mas a segurança de saber que a sua condição de vida não mudará de um dia para o outro) para a população, não tiro do governo do PT o que ele fez. As ações para ajudar ao povo e às classes sociais mais pobres existiram, sim. Mas, é claro que muitas coisas aconteceram debaixo dos panos. Coisas que, quando se tornam públicas, não podem ser ignoradas.

Quando a fome e o medo de sentir fome, de não ter o que vestir, de não ter onde morar saem dos pensamentos primários do homem, a simples menção da palavra “corrupção” em noticiários, pode levar a população às ruas, lutando por algo, mesmo que não entendam sobre o que exatamente se trata. A educação política ainda é algo complicado e quase inexistente no Brasil, assim como em muitas outras nações do mundo. Não aprendemos, não damos a devida atenção ou somos incentivados a pesquisar sobre o sistema político do nosso país ou o que acontece entre os Três Poderes. As ideias são formadas a partir do que é divulgado em jornais - que recentemente se mostram parciais, mas sem deixar seu posicionamento claro, oferecendo um risco aos leitores mais desavisados - em redes sociais, do que é repassado por fontes que não são seguras e do que é discutido em mesas de bar. E o que é discutido em mesas de bar, muitas vezes sai aos berros. Todos nós formamos nossas opiniões através de informações que coletamos com o passar da vida. Quando essas informações são superficiais ou incompletas, nós podemos tomar duas direções: pesquisar e aprofundar o conhecimento - através de todo material disponível para isso na era da informação - ou tirar nossas próprias conclusões a partir das próprias informações incompletas. Tirando pelos boatos que circulam rapidamente nas redes sociais e entre grupos de amigos, a partir de informações que não foram divulgadas por completo ou que foram mal interpretadas, podemos ver qual é a opção escolhida normalmente pelos cidadãos.

Há anos que as eleições presidenciais no Brasil se polarizam e levam dois candidatos dos mesmos partidos (PT e PSDB) para o segundo turno. No ano de 2014, por exemplo, mesmo que a candidata Marina Silva (na época do PSB) tenha se aproximado do segundo turno de acordo com as pesquisas, os resultados foram os de sempre: PT, com Dilma Rousseff e PSDB com Aécio Neves. Neste momento, em que o Brasil entra em crise política, o senso comum um dos partidos se tornou o herói e o outro o vilão. Qual dos partidos é o vilão e qual é o herói, depende do ponto de vista, mas é quase mandatório que você opte por um lado. E com a divisão clara incitada pela mídia partidária, não se consegue mais debater sobre política. Se você é de um lado, não deve se aproximar do outro para nenhum tipo de debate, pois seus conhecimentos não servem de nada. Se aproximar leva a brigas, em que ambos os lados saem sem nada ter se alterado.

Assim, a lógica do futebol foi levada aos debates políticos. O problema? Enquanto o futebol é conhecido por aproximar os brasileiros, a política os afasta. Não é possível generalizar, mas pode-se dizer que existe um perfil entre eleitores com determinadas crenças. Se não, existe um preconceito generalizado a respeito deles. Seu posicionamento político nesse momento delicado pode ser deduzido por um grupo com base em seus próprios preconceitos e chega ao ponto de você não poder usar determinadas cores em roupas e acessórios na rua sem medo de sofrer algum tipo de agressão física. Assim como em um jogo de futebol, você veste a camisa do seu time, ou do seu partido. Pode usar da camisa azul (ou verde) ou a camiseta vermelha. E assim como acontece no futebol, você muitas vezes só terá respeito entre pessoas que vestem a mesma camisa e defendem a mesma causa. E ainda, como absurdamente acontece entre as torcidas mais violentas, a cor dessa camiseta pode decidir se você está seguro ou não, dependendo dos resultados dos jogos (desdobramentos políticos?) daquele dia.

Por Trás do Blog

Nós, da Disciplina Gêneros Jornalísticos 2015.2, sedentos em produzir e dispostos a ouvir e sentir, nos propusemos a focar nossas lentes no dia a dia, no ordinário, naquilo que passa despercebido por muitos, e que pode virar uma boa história carregada de verdades, humanidade e sensibilidade. Convidamos você a nos acompanhar nessa experiência de ler as entrelinhas do dia a dia, porque com certeza ali encontraremos o extraordinário!

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