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Nem pela direita e nem pela esquerda: no momento, não há saída

Por Bárbara Francine

A atual denominada de “a pior crise política da história do país” (ignorando erroneamente outros momentos obscuros pelos quais o Brasil já passou) com direito a opiniões fascistas, intolerância e o extremo de agressões verbais e físicas, o cenário realmente preocupa e pode ser comparado a um verdadeiro circo de horrores ideológicos e posturais.

Desde a década de 90 em que o alvo de um processo de impeachment era Fernando Collor de Melo nunca se discutiu tanto sobre política no país, nos bares, praças, metrôs e filas de banco. Pensava-se que finalmente o povo brasileiro tinha acordado para as questões políticas tão confusas que permeiam todas as esferas de governo desde a volta das eleições diretas. Mas, em um país no qual não existe um ensino sobre a importância dos processos políticos isso se tornou uma dicotomia onde se discute e não se entende. Problema que é agravado pela explícita parcialidade dos meios de comunicação de massa que, sendo única fonte de informação das camadas menos favorecidas da população, possuem inúmeros discursos veiculados, levando a uma má ou parcial compreensão do que realmente é feito nas altas cúpulas.

Esse quadro ganha holofotes com as denúncias de corrupção feitas e divulgadas pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato e as diversas acusações por parte da oposição contra a presidente reeleita nas eleições de 2014, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT). Denúncias essas que aparentemente não justificam a abertura de um pedido de impeachment, já que não houve a efetividade de crime de responsabilidade fiscal. Mesmo assim, o pedido foi aceito e o processo está em andamento por uma comissão, na qual a maioria dos deputados é acusado de algum crime ou possui pendências na justiça, inclusive o próprio presidente da câmara, o deputado Eduardo Cunha, do PMDB. Acusado diversas vezes e utilizando de todos os tipos de manobras políticas para se livrar de uma possível cassação, o seu processo anda a passos de tartaruga. Irônico, não?

As diversas manifestações organizadas que tomaram as ruas do país nos dois últimos dias demonstram o posicionamento de muitos brasileiros, em parte gerado pela espetacularização dada ao cenário político, sem conceber que gritando o “Fora Dilma!” ou até mesmo o “Fora PT!”, estão sendo manobrados para atender a interesses partidários, pessoais e nada democráticos.

A divisão de milhões de brasileiros em grupos com seus gritos de guerra de “Não vai ter golpe!” ou “Fora Dilma!” é nociva seja para a compreensão das diversas opiniões, seja para o cumprimento da democracia. Como não sabemos com o que nos depararemos no dia seguinte, seguimos em frente, vivendo uma incerteza continua. No labirinto político em que estamos a saída não está nem pela direita e nem pela esquerda, no momento, ainda não há saída à vista.

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