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Em Memória

Por Stéfane Rocha

O feminismo é um movimento político que luta pela igualdade de gênero. Com a crise política atual, os direitos das mulheres correm grande risco de, mais uma vez, serem violados. No dia 20 de Abril de 2016, a fanpage feminista “Empodere duas mulheres” publicou a seguinte frase de Simone de Beauvoir: “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.” Tal frase serve para relembrar e manter-nos em alerta se tratando da violação dos nossos direitos.

Durante a votação pelo impeachment da atual presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016, ficou explícito o machismo presente na Câmara dos Deputados. Tentaram silenciar com gritos grotescos as vozes das poucas mulheres presentes no local. Enquanto assistia o decorrer do processo pelo canal Tv Brasil, presenciei o deputado Jair Bolsonaro dedicar o seu voto ao Coronel Ustra, sendo este conhecido por torturas durante a ditadura militar, como o pau-de-arara, choques, estupros e introdução de ratos nas vaginas de mulheres. Inclusive, foi o responsável por torturar a então presidenta. Já não bastasse ter que lidar com as ofensas proferidas a ela por ser mulher e estar no poder, Dilma, infelizmente, teve de ver seu torturador sendo exaltado em rede nacional.

Doeu ouvir a infeliz frase dita pelo deputado. Doeu imaginar Dilma ouvindo tal frase. Doeu pensar em todas as mulheres torturadas por Ustra. Doeu ser mulher e ver o que está prestes a acontecer com os poucos direitos que conquistamos com muita luta. Mas a dor, ao fim, é transformada em força. Dois dias após a votação do impeachment, manifestantes feministas se solidarizaram com a presidenta dando-lhe flores e um abraço coletivo em frente ao Palácio do Planalto. Nas redes sociais não foi diferente. Além da campanha “Fica, querida” em defesa de Dilma, surgiu um ato na fanpage “As Mina na História” em defesa da memória de todas as mulheres torturadas durante a ditadura: “troque sua foto de perfil e compartilhe, para que a história da ditadura jamais se repita”. Que esses manifestos sirvam de apoio. Que sirvam para abrir os olhos dos brasileiros e mostrar que estamos juntas, fortes e não vamos deixar que fascistas nos reprimam. Estamos em vigilância. Em memória delas, em nossa memória.

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