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Cegueira Social 

Por Giovana Maria

Há, entre nós brasileiros, um muro. Não uma barreira física, mas uma linha imaginária. Separado por toda polêmica envolvendo o governo atual, o Brasil está dividido. Não apenas em duas, mas três partes: os que se identificam como de esquerda, os que se identificam como de direita e aqueles que não apoiam ou rejeitam totalmente ambos os lados.

Os brasileiros estão perdidos em meio a este caos de indecisão que está o país. Cada um com sua visão e crença, acreditando que estas sejam corretas e, por muitas vezes não abrindo espaço para pensamentos diferentes. O problema não está especificamente na inflexibilidade, mas sim, na falta de respeito e de aceitação quanto à opinião do outro.

O que mais me incomoda é o fato de ninguém respeitar ninguém. Além das agressões verbais, há também as físicas e virtuais – perdemos os limites.  As pessoas passam por cima umas das outras apenas porque acreditam veementemente que estão corretas em seus ideais e que nada mudará isso. É a partir desse momento que se instaura o caos, pois, como lutar por um país melhor se nem ao menos conseguimos ouvir o que a pessoa ao nosso lado (que pode ser de um lado adverso) tem a dizer? Como exigir dos nossos governantes igualdade para todos, se nós mesmos não somos capazes de aceitar e viver com nossas diversidades?

Existe uma cegueira social. Boa parte da população está tão envolvida, chateada e irritada com a situação que só consegue ver aquilo que seu ideal prega, nada além. “Coxinhas e petralhas” se enfrentam em uma guerra civil ideológica que, pelo visto, está longe de ter um fim ou um lado vencedor. Há também aqueles que não têm uma opinião definida. Querem apenas um país melhor, “sem corrupção”. Estes, não são a favor do impeachment, mas também não aprovam o governo atual. Se for para fazer parte de algum grupo, que seja desse. Não sejamos cegos, o governo atual não é santo. Não está cumprindo seus deveres, é utópico e se encontra afundado em escândalos. Entretanto, toda essa problemática não é recente, tem sua origem desde 1500.

Acreditar que o impeachment da atual presidente Dilma Rousseff é a solução para a crise do Brasil, é achar que os problemas sumirão com ela. Não vão. Pelo contrário, irão continuar. E, junto a eles, a necessidade de responsabilizar os culpados pela desordem gerada.

Nesta luta de gigantes não há um vencedor, todos saímos perdendo. Até que se estabilize a situação, que amizades sejam refeitas, que uma família possa comentar sobre política no jantar sem haver brigas, muita coisa terá se perdido nesse caminho. E através desse muro invisível ainda estaremos discutindo tópicos como ‘’O juiz Sérgio Moro’’.

Moro, esse personagem tão importante nesta história, o juiz que conduz a investigação que pode incriminar o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e achar provas da ligação dele com Dilma. O mesmo que deixou vazar áudios de uma conversa entre o ex-presidente e a atual (sem haver punição da justiça quanto à isso, talvez até ela esteja ‘’cega’’), causando opiniões diversificadas na população: ‘’Sérgio Moro: Judas ou Jesus? ’’, um traidor ou um salvador? O que ele fez foi totalmente errado ou é justificável? E em meio à essas perguntas fica a sensação de: eis a questão.  

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