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A dimensão da política no convívio social

Quando o assunto é política, torna-se comum vermos inúmeros depoimentos, seja na rede ou nas ruas, em que diversas pessoas já saturadas do assunto, caracterizam-na de corrupta e sem salvação, afirmando sem pestanejar que “todo político é igual” ou acusando “são verdadeiros ladrões mascarados”. Estas definições generalizadas não deveriam ser posicionadas, afinal, é claro que existem aqueles que usam e abusam do poder para conseguir privilégios, porém, ser político não é sinônimo de índole duvidosa e ações antiéticas.

Essas características de maldade e manipulação/centralização do poder são intrínsecas do próprio homem, independente de seu cargo ou função dentro da sociedade. Quem se corrompe na política já é alguém que, antes de estar ali, possuía características voltadas à corrupção, ou seja, fazer parte da política não equivale a ser ladrão.

Como disse anteriormente, quando se fala em política, é comum observar os comentários tendenciosos, mas, em contrapartida, não se vê muitas ações em prol de mudanças. O que de fato veio se modificando, pois, em meio à contemporaneidade, o povo, seja impulsionado pela mídia ou por pura conscientização, resolveu sair às ruas em busca de seus ideais e tendo como propósito buscar o fim da corrupção. Este é um discurso um tanto quanto questionável, uma vez que os manifestantes, na realidade, estão a lutar por jogos de interesses partidários, demonstrando seu apoio a grupos que estão de acordo com suas visões de mundo. Nisso há uma separação da população: os de direita e os de esquerda, numa luta para provar quem é o melhor e quem está com o poder da razão.

Mas, sabem mesmo qual é a verdade? Que ambos estão errados, e mais, que na verdade tudo está errado! O pensamento de lutar apenas por aquilo que te convém e “esquecer-se” das outras camadas da população já é ridículo. E pior ainda: é usar o discurso de “fim da corrupção” para justificar tais atitudes. Acredito que essa luta deveria ser acima de partidos e jogos de poder, pois, partido político perfeito nunca haverá de fato, assim como pessoas perfeitas não existem. E se você é uma pessoa que acredita nesse tipo de fantasia, sinto discordar, mas não fique preso a esses tipos de ilusões. Nada é perfeito, mas podemos melhorar, crescer e evoluir. Dentro desses partidos sempre haverão aqueles que roubam e fazem minorias , ou seja, realizam pouco para com o povo, os que de fato criam direitos voltados para o bem da população e os que apenas roubam. Essas atitudes impróprias nada têm a ver com política em si, apenas a maldade e o egoísmo do próprio homem em se beneficiar através da exploração. Todavia, são escolhas.

A política não foi criada para ser desvirtuada ou corromper as pessoas. Seus ideais são em prol de melhorias e construção de bens para toda a sociedade de forma justa, promovendo o fim das desigualdades e oferecendo requisitos básicos para o bem estar e a qualidade de vida de todos. Até porque, estamos todos englobados dentro de um sistema em que há impostos que deveriam ser revertidos em ações benéficas para os provedores deste capital.

As divergências de opinião dentro da política são tão agravantes que chegam a afetar o convívio social das pessoas. Foi elaborada uma pesquisa por membros da Universidade Hebraica de Jerusalém em conjunto com profissionais da Universidade de Tel Aviv em que, após entrevistar cerca de 1,1 mil internautas israelenses, os pesquisadores descobriram que 16% deles encerraram amizades por razões políticas durante os conflitos na Faixa de Gaza ocorridos no ano retrasado (2014). Coincidência ou não, essa parcela de internautas é representada na maioria por jovens que defendem ideologias extremistas e não costumam respeitar a liberdade de expressão.

No Brasil, essa separação de relações ocorre inclusive, dentro de casa com familiares ou no próprio ambiente de trabalho, já que, em meio a esta crise política, boa parte da população tem medo de expor suas ideias e sofrer chacota, bem como ser excluído daquele convívio por preferências partidárias distintas.

Em entrevista à página digital do UOL notícias, a supervisora do curso de Etiqueta e Comportamento Corporativo do Centro Europeu (escola com cursos profissionalizantes), Silmara Santos Adad, não vê problemas em falar sobre política no trabalho. "É um assunto inevitável. Afeta a vida de cada um de nós. Tudo pode ser abordado, dependendo da forma", afirma.

A consultora de comportamento organizacional Lícia Egger concorda. "Eu acredito que neste momento não podemos desestimular pessoas a se colocarem. Estamos aprendendo o exercício político. É importante que não tenham medo de falar, mas saibam se colocar com maturidade, educação e respeito ao outro".

O problema está alocado justamente dentro dessa falta de maturidade e do respeito para com a opinião do outro. Vivemos numa época em que, com as tecnologias a nosso favor, temos mais acesso às informações e isso torna as pessoas acomodadas, além de se acharem donas da razão, não aceitando, na maioria das vezes, opiniões distintas das que condizem com à sua visão de verdade.

Divergências políticas, intolerâncias religiosas, assim como torcidas organizadas dentro do futebol no Brasil, são as bases para o fim de muitos relacionamentos e convívios sociais em geral, o que de fato é uma pena, pois, se todos lutam pela derrubada da corrupção que tanto afirmam, não deveria haver distinções nesta luta. Todos teriam um mesmo objetivo, o que é diferente de promover partidos.

O passo para acabar com as separações das pessoas devido a todo e qualquer tipo de diferença está acoplado dentro da própria problemática. Precisamos parar de sermos os donos da vez e da razão e aceitar que outras ideias também são importantes e que, talvez, ambas problemáticas sendo discutidas de forma sensata resultem em algo de bom, que traga um viés voltado para que não haja um afastamento das pessoas por algo tão insignificante como divergência de opinião. A ideia é de união e nunca exclusão, afinal, amor é progresso.


Por Trás do Blog

Nós, da Disciplina Gêneros Jornalísticos 2015.2, sedentos em produzir e dispostos a ouvir e sentir, nos propusemos a focar nossas lentes no dia a dia, no ordinário, naquilo que passa despercebido por muitos, e que pode virar uma boa história carregada de verdades, humanidade e sensibilidade. Convidamos você a nos acompanhar nessa experiência de ler as entrelinhas do dia a dia, porque com certeza ali encontraremos o extraordinário!

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