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Política se discute, sim!

  • Por Larissa Carinhanha
  • 3 de mai. de 2016
  • 3 min de leitura

Desde que política é política e religião é religião, é comum ouvir pessoas falando “Mas isso não se discute!”. Bom, considerando o cenário brasileiro atual, não gostar de falar sobre política já não é motivo para não falar sobre, sendo que é quase impossível não se envolver em alguma discussão acerca do assunto ou ligar a televisão e o computador e não ver termos como “impeachment”, “Dilma Rousseff” ou até mesmo “Bolsonaro para Presidente 2018”.

Com um processo de impeachment sem crimes de responsabilidade, a presidenta e a população “contra impeachment” segue tendo que aturar, em todos os meios de comunicação, os ataques disfarçados de “é só minha opinião” daquelas pessoas que estão do lado de políticos preconceituosos e conservadores como Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e todo o resto. A verdade é que, a maioria dessas pessoas não entende nem um terço sobre política brasileira, sobre constituição e sobre democracia, mas, ainda assim, faz questão de encher suas bocas, cartazes e postagens no Facebook declarando que, com a saída de Dilma, o país será muito mais democrático e justo. Isso nem é tudo, já que ainda existem aqueles que, além de incitar discursos de puro ódio contra esquerdistas, pessoas a favor do governo, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, negros e pobres, apostam em denegrir a imagem da presidenta, dando à ela nomes extremamente desrespeitosos.

Mulher forte, guerreira, que lutou pela democracia na época da ditadura militar brasileira, que foi torturada e calada inúmeras vezes, Dilma Rousseff é constantemente tratada como “corrupta”, “louca”, “vagabunda”, quando o que ela realmente merece é respeito, assim como todas as mulheres que sofrem com o machismo diário. Sem partidarismo ou qualquer coisa do tipo, defender uma mulher que sabe o que faz e pelo que lutou nos anos passados é ter consciência da história do país e ter a convicção de que um impeachment sem acusações sérias e comprovadas, apenas com desculpas de “pela família brasileira, pelo fim do assistencialismo, etc”, é um completo absurdo e uma explícita tentativa de golpe.

E ainda tem isso! Família? Políticas assistencialistas? Mas qual é o conceito de “família” pra esses conservadores? Ela deve ser formada por um homem cisgênero -pessoa que se reconhece com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer-, que é casado com uma mulher também cis e que tem filhos cis? E as políticas assistencialistas são mesmo para “acomodar” as pessoas e as fazerem trabalhar menos e estudar menos? Mal sabem os conservadores e direitistas que, só assim, a maioria da população “assistida” por essas políticas consegue, porexemplo, entrar em universidades que são, desde muito tempo, dominadas por brancos e pessoas de classe média/alta.

Passeatas pelas avenidas brasileiras, recheadas de hipocrisia e com pessoas vestindo verde e amarelo, cartazes contendo termos como “Fora Dilma!” ou “Tchau, querida!”, textões pelo Facebook com frases extremamente machistas, misóginas e cheias de preconceito que tentam atingir a presidenta e quem é contra a saída dela do governo do país... É assim que temos nos encontrado nos últimos tempos, no meio de uma guerra sem fim entre pessoas a favor do impedimento da presidenta, contra quem acredita que todo esse processo não passa de uma tentativa de golpe por parte dos conservadores que tentam dominar o país e calar quem já tem pouca voz. Política se discute sim, ainda mais quando esta trata de forma desigual um cidadão que, assim como qualquer outro, deve ter seus direitos respeitados.

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