top of page

Política e religião: que o discurso vire ato, que o amor vire fato

A política e a religião possuem muitos aspectos semelhantes, que nos fazem parar para refletir, os dois querem que a sociedade viva bem em comunidade, falando que o respeito, a educação e a saúde são as prioridades. Pregam a paz e igualdade para todos. Mas a realidade nos atesta que tudo é bem diferente, fazendo com que o Brasil permaneça nesse retrocesso ao invés do progresso.

Quando nós brasileiros falamos em política, logo nos vem à cabeça o estigma que nosso governo é corrupto, que a máquina pública não trabalha em prol da manutenção dos direitos do povo. Os meios de comunicação são ratificadores desse pensamento coletivo, quando cotidianamente veiculam notícias dos “podres” de cada partido, das condutas não condizentes com os ideais de probidade e ética, esperadas de um representante do povo. Aqueles que prometem mil projetos para melhoria da vida em sociedade, mas que no final das contas não fazem nem 40% do que prometeram durante sua propaganda eleitoral, o que gera uma revolta muito grande em quem concedeu o voto à tal pessoa, de tal partido, que não cumpriu o que encheu a boca para falar em seus 30 segundos de “fama” na TV, no horário eleitoral. As campanhas eleitorais prometem um banquete em que todos sairão satisfeitos, mas no fim descobre-se que o seu nome não está na lista de convidados que é restrita a uma minoria privilegiada.

Quando falamos em religião, nos vem à cabeça a existência do bem e do mal, pecado, perdão, erro, castigo, céu, inferno, anjos, deuses... O Brasil é um país laico, no qual existem muitas religiões para serem seguidas, o que nos lembra a vasta existência de partidos políticos em que cada um deixa claro que são diferentes dos outros, e que cada um quer mostrar que é superior ao outro, assim como em algumas religiões, em que não respeitam o outro se forem de religiões opostas. Na política é usada a Constituição para saber o que é o certo, o errado, o que será feito com quem infringir a lei, é nela que está pressuposto os direitos e os deveres dos cidadãos. Na religião, ou na maioria delas, os livros sagrados a serem seguidos, são por vezes condizentes com o posicionamento da Constituição, que dita regras de comportamento em sociedade, de punição sobre atos considerados reprováveis, princípios de respeito e igualdade para o viver comum. As vozes propagadoras desses discursos religiosos arrebatam milhões de fiéis cativos, mas boa parte das vezes são inaptos no seguir o que eles mesmos pregam.

No âmbito político, os eleitos pela maioria são responsáveis por garantirem a manutenção dos bens indispensáveis ao bem estar da sociedade, como a saúde, educação, moradia, transporte público de qualidade e trabalho. A religião, por sua vez, trata do bem estar espiritual do indivíduo, enfatizando a necessidade de exercício da paz, do amor, da partilha, proporcionando a este um equilíbrio emocional que reflete no trato ao semelhante. Mas na realidade, isso acontece de verdade? Os políticos e as religiões realmente cumprem o que tanto prometem em seus discursos?

Antônio Ozai (2005) me contempla, quando diz que a política e a religião transformam a sociedade, só que quando mal interpretadas acabam por gerar fanatismo e intolerância, transformando as relações sociais em verdadeiras “arenas de gladiadores”, quando o único objetivo é mostrar quem tem mais razão e sair por cima, sem abstrair de forma positiva as diferenças existentes e tão necessárias numa sociedade dita democrática.

Se o objetivo da política e da religião é possibilitar uma sociedade justa e solidária em que a igualdade social e a paz são presentes faz se necessário uma reformulação principalmente de atitude, porque ideologias e discursos ambas têm, e de sobra. Faz se necessário que parta das lideranças sejam políticas ou religiosas a ação do respeito intrínseco aos direitos do outro; que enxerguem e compreendam as diferenças; que queiram mudar o que está errado; que se unam para lutar juntos, independente de classe social, etnia; que não sejam individualistas, que pensem na sociedade em geral, tanto nos mais favorecidos, quanto nos menos favorecidos. Só assim o Brasil se tornará um país melhor, enquanto não tivermos essa consciência, a política e a religião farão a cabeça dos indivíduos, mas não mudarão suas ações. Que o discurso vire ato, que o amor vire fato e que “o deitado eternamente em berço esplendido” acorde!

Por Trás do Blog

Nós, da Disciplina Gêneros Jornalísticos 2015.2, sedentos em produzir e dispostos a ouvir e sentir, nos propusemos a focar nossas lentes no dia a dia, no ordinário, naquilo que passa despercebido por muitos, e que pode virar uma boa história carregada de verdades, humanidade e sensibilidade. Convidamos você a nos acompanhar nessa experiência de ler as entrelinhas do dia a dia, porque com certeza ali encontraremos o extraordinário!

Leitura Recomendada
Tags
Nenhum tag.
Siga EXTRA!ordinário
  • Facebook Social Icon
bottom of page